sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O BRINCAR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: BENEFÍCIOS PARA O APRENDIZADO NAS SALAS DE RECURSOS

DEUSILHA DE SOUZA SILVA
ROSIMAR DA SILVA DE OLIVEIRA
Camila da Silva Cavalcante
Ana Márcia Gallina Fantone Gusoni
Joselaine Cristina Ribeiro de Matos
Claudia Seehgaen
RESUMO
O estudo que se segue tem como pretensão averiguar e ressaltar quão importante e necessário é o uso de atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem de crianças com necessidades especiais, visto que esta clientela deve ter acesso, permanência e sucesso no ensino regular, sendo preciso que o mesmo ofereça condições de inclusão. Sabemos que o brinquedo é um ótimo estimulo para que se atinja este resultado.  Para tanto foi feita uma breve revisão bibliográfica sobre o assunto baseando-se nos estudos de Vygotsky, Piaget, Kishimoto, Oliveira e outros. Este artigo apresenta o brincar como uma atividade importante para o desenvolvimento da criança, sobretudo da criança deficiente e tenta demonstrar, ainda a necessidade de se utilizar das atividades lúdicas no decorrer do processo de ensino aprendizagem visando a socialização, o desenvolvimento da capacidade criativa e imaginativa do aluno deficiente, bem como sua inclusão na sociedade escolar e fora dela. A metodologia que deverá ser utilizada para conclusão deste projeto é a pesquisa bibliográfica, uma breve pesquisa de campo, que será feita por meio de observação, entrevista com professores e profissionais da escola, alunos e se possível pais ou familiares, ainda serão observados os cadernos das crianças no início e final do projeto para possíveis constatações a cerca do benefício da atividade lúdica em alunos com diferentes tipos de deficiência, sendo que tal constatação ainda será feita por meio da observação da melhora da aprendizagem durante o processo de ensino e pesquisa.
Palavras chaves: Brincadeiras, lúdico, educação inclusiva, jogos.
ABSTRACT
The following survey is to investigate claims and to emphasize how important and necessary is the use of recreational activities in the teaching and learning ofchildren with special needs, since these clients must have access, retention and success in regular school, and need that offers conditions of the same inclusion. We know that the toy is a great stimulus to the achievement of this result. For thiswas a brief literature review on the subject based on the studies of Vygotsky,Piaget, Kishimoto, Oliveira and others. This paper presents the play as animportant activity for the child's development, especially the disabled child and tries to demonstrate the need to use the recreational activities during the teaching and learning process aimed at socialization, the development of creative and imaginative the disabled student, as well as their inclusion in society and outsideschool. The methodology to be used for completion of this project is a literature review, abrief field research, which will be done through observation, interviews with teachers and school professionals, students and parents or relatives if possible,the contract will still be observed children at the beginning and end of the projectfor possible findings about the benefit of playing in different types of students withdisabilities, and such finding will still be made ​​by observing the improvement of learning during the process of teaching and research.

Keywords: Play, play, inclusive education, games.







INTRODUÇÃO

Atualmente muito tem se falado em inclusão de alunos deficientes em salas comuns, mas do mesmo modo a discussão sobre qual a melhor forma de se trabalhar com esses alunos a fim de gerar a inclusão e o aprendizado ganha um grande destaque. A constituição Federal prevê no Art. 208, Inciso III um atendimento educação especializado para alunos deficientes, sobretudo no ensino regular, o que é também assegurado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, no Estatuto da Criança e do adolescente, e amplamente debatido e defendido com normas, orientações e metas nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. A política Nacional de Educação Especial (MEC/SEEP, 2008) define como diretrizes para Educação Especial que o sistema regular de ensino esteja apoiado em um objetivo de inserir os portadores de necessidades educacionais especiais, priorizando o financiamento de projetos que possuam ações de integração. De acordo com o documento Declaração de Salamanca, elaborado em conferência mundial com a participação de 88 governos e 25 organizações internações no período de 07 a 10 de Julho de 1994 em Salamanca, na Espanha se proclama que:
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem,
• toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas,
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades,
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades,
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
(SALAMANCA, 1994)

A declaração de Salamanca é um referencial no que se trata da educação especial em todo o mundo, e o que se percebe dessa citação é que o que este documento visa é o atendimento prioritário de todas as crianças, seja deficiente ou não, pois independente da criança possuir ou não uma deficiência ela tem o seu ritmo de aprendizagem, logo essa afirmativa já por si só é uma forma de inclusão, pois concebe a criança não segundo sua deficiência, mas segundo suas habilidades, características, interesses e necessidades de aprendizagem defendendo uma Pedagogia que tenha como centro a criança, deixando de lado os valores tecnicistas sob os quais se apoiam, ainda hoje, os métodos usados em nossas escolas e mais, defende a ideia de que quando se trabalha com a educação inclusiva se aprimoram a eficiência e a eficácia do sistema educação por passar produzir novas formas de lidar com a diferença, seja esta devido à deficiência ou à individualidade de cada criança.
Pelo fato de ser um assunto novo, nova forma de ver o meio educacional e suas possibilidades. Como se promover a inclusão escolar numa sociedade marcada pelo preconceito? Em que circunstâncias se faria essa inclusão? O Jogo e a brincadeira poderiam, de fato, ser um elo para que esta venha a ocorrer? Qual a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras na inclusão desses alunos? Quais são os recursos que mais podem contribuir para que haja essa inclusão e como se podem trabalhar os conteúdos através desse método? O que as crianças pensam disso? Os professores que ministram aulas nas salas comuns tem utilizado o brincar para promover a inclusão bem como o aprendizado ou isso só ocorre nas salas de recursos? Quais os tipos de brincadeiras são mais utilizados e ou apropriadas?
E nessa perspectiva a própria política de educação especial valoriza a ideia de ludicidade para o desenvolvimento e aquisição de conhecimentos aos alunos com necessidades educacionais especiais quando diz:
 A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio de serviços de intervenção precoce que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência social. (MEC/SEEP, 2008)
Esse artigo está baseado na ideia de que o brincar pode e muito ajudar no aprendizado das crianças, e também no fato de que este faz parte da vida das mesmas e, portanto pode ser um grande aliado do professor em sala de aula, e deve ser divulgado para que outros professores possam também se beneficiar dos seus benefícios.
A metodologia utilizada para elaboração do artigo foi a pesquisa bibliográfica, acompanhada de uma breve pesquisa de campo, sendo que a primeira ocorreu a captação de dados em artigos e livros, de autores variados visando o conhecimento da importância do brincar e seus benefícios para a educação inclusiva, e a segunda foi realizada em sala de recursos de escolas da rede municipal de ensino da cidade de rio Brilhante, para fins de observação de como o brincar propiciado nesses meios contribuiu para o avanço de alunos em sala comum.
Foi feito também entrevistas com os professores tanto das salas de recursos, como das demais salas em que havia a incidência de tais alunos, a fim de investigar os dados coletados, ainda foi realizada entrevista com alguns profissionais da escola, com alunos e com um pouco número de pais, ainda houve a observação das atividades das crianças no ambiente da sala de recursos.
Diante da necessidade de se trabalhar a inclusão no meio escolar e da percepção de que há dificuldade por parte, não só de professores, mas também de outros profissionais, da educação a cerca de como promover essa inclusão vimos no brincar um forte aliado para se obter tal resultado devido a essas questões surgiu a ideia de se fazer uma investigação sobre as contribuições dos jogos, brinquedos e brincadeiras tanto para o aprendizado dos alunos como para o trabalho do professor.
Pois já está comprovado que a atividade lúdica auxilia muito no desenvolvimento da criança além de propiciar a socialização, a formação do pensamento abstrato, o desenvolvimento da criatividade e promover a interação.
Com a elaboração desse artigo pretende se conhecer de uma forma geral, quais os benefícios o brinquedo, o jogo e a brincadeira podem trazer para o processo de ensino, sobretudo em se tratando de alunos deficientes. Especificamente pretende-se observar qual a importância do brincar para promover a interação entre alunos deficientes e não deficientes, investigar quais são os benefícios que estes trazem para a inclusão do aluno deficiente não só no meio escolar como na sociedade em geral, verificar de que maneira as atividades lúdicas interferem no desenvolvimento do aluno com deficiência, sobretudo no desenvolvimento intelectual.
A pesquisa se justifica pelo fato de que a necessidade de se conhecer sobre tal assunto e o intuito de se resgatar a brincadeira e fazer com que as crianças, sobretudo as deficientes de nossas escolas, tomem novamente, o gosto pelo brincar, de todos os benefícios que tal comportamento pode propiciar e ainda por meio deste, tenham a oportunidade de participar de um processo de ensino-aprendizagem de qualidade, que valorize todos os conhecimentos envolvidos nas brincadeiras e jogos e seja trabalhado por um professor que goste de brincar e acima de tudo, saiba aproveitar as potencialidades de ensino dos mesmos.
O BRINCAR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: SEUS BENEFÍCIOS PARA O APRENDIZADO NAS SALAS DE RECURSOS
A inclusão no meio escolar visa inserir os alunos que tenham algum grau de deficiência ou apresentem alguma dificuldade de aprendizagem na rede regular de ensino, mas, no entanto, isso se faz cada vez mais difícil, pois por ser uma situação nova é bem comum que se tenham muitas dúvidas de como fazê-lo e ainda se encontra muita resistência por parte de diversos profissionais da área. Segundo Ferreira e Ferreira, (2007) o principal intuito das políticas educacionais voltadas para a educação especial é apenas para melhorar os índices da educação básicas previstos na declaração de Salamanca e, comentando outros autores ainda ressalta que, no entanto se preocupou em inserir os alunos em sala de aula comum, porém estes tem vivenciado nesse meio um processo de educação desfavorável.
No mesmo período, as pesquisas educacionais sobre o que acontece com estes alunos incluídos nas escolas regulares revelam que, em grande parte, estes alunos estão a depender de suas famílias para conseguirem criar as condições necessárias de apoio à educação escolar, e é mais comum os alunos com necessidades especiais viverem no interior da sala de aula uma situação de experiência acadêmica insuficiente ou precária. (FERREIRA E FERREIRA, 2007)

Segundo a definição de Mrech: “Por educação inclusiva se entende o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino em todos os graus.” Para essa autora a escola inclusiva é líder se comparada com as demais, pelo fato de estar como “vanguarda”, onde o processo de ensino seja um processo social, dando a todos, o direito a educação, tendo como objetivo principal a integração de todas as crianças deficientes, essa mesma escola deve fazer com que a criança atinja seu objetivo máximo por meio do privilégio dado as relações sociais que formam “redes de auto-ajuda”, onde os professores e rede técnica assumem outros papeis estando mais próximos dos alunos. É uma escola integrada com a comunidade, tendo como parceiros os pais das crianças. Os ambientes escolares devem ser flexíveis, sendo que as modificações devem ser feitas a partir das discussões com os professores, equipe técnica, pais e alunos. A forma de avaliar também deve levar em conta as deficiências dos alunos, que deverão também ter acesso físico facilitados, e a equipe técnica desse meio deve estar em constante processo de aprendizagem. 
A declaração de Salamanca define a inclusão escolar como sendo aquela em o princípio fundamental “é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independente de quaisquer dificuldades que elas possam ter.” e ainda reconhece que as escolas inclusivas precisam reconhecer e  responder a todas as necessidades das crianças, adaptando os métodos e estilos a fim de promover uma “educação de qualidade a todos”.
E não é só com relação à educação inclusiva que se tem notado falhas no processo de ensino-aprendizagem, mas é comum isso ocorrer também com os alunos considerados “normais”, portanto há que se notar uma necessidade de se pensar a educação como um todo carente de novas perspectivas e novas formas de se trabalhar como docente, contando com o apoio familiar, a fim de promover a aprendizagem de todos os alunos e nada melhor para fazer isso do que dar às crianças um aprendizado prazeroso, pois assim sendo estes terão mais interesse, logo se esforçarão mais, o que consequentemente gerará em uma educação de qualidade e índices elevados de aperfeiçoamento.
Em se tratando de educação num modo geral tem se comprovado que o jogo é um forte aliado do processo de ensino aprendizagem, visto que é parte integrante da vida da criança e não só do momento atual, mas está também constatado que essa atividade vem desde os primórdios, pois já se encontrava brinquedos infantis em meio às culturas do passado. E este por sua vez já era usado como meio pelo qual se transmite o conhecimento ainda na Grécia e Egito, sendo objeto de estudos de Platão a fim de conhecer as suas influências na educação.
Somente na Idade média é que o jogo, sendo considerado pela Igreja como imoral, devido ao seu prazer profano, foi retirado dos meios escolares que passaram a adotar uma linha mais disciplinar centrada no mundo do adulto. Mas nos dias atuais, este volta a ser um método eficaz para se fazer educação, desde que seja bem trabalhado.  Essa ideia se inicia em meados do SEC. XVI, com o mercantilismo e surgimento do pensamento pedagógico, e já nos SEC. XVII e XVIII, com o conceito de que a criança é sujeito da educação, surge também o ensino transmitido através do jogo que é defendido por Rousseau, Froebel, Maria Montessori, Pestalozzi e Jonh Dewey, além de Piaget e Vygotsky.
O uso do jogo, do brinquedo e da brincadeira no âmbito escolar contribui para a aquisição do aprendizado pelas crianças. Mas o que é brincar? Wajskop, (1995) tenta responder a essa questão em seu artigo o brincar na educação infantil, e passando pelo pensamento de diversos autores ela a define como uma atividade da criança capaz de recapitular a vida humana ou um exercício prévio da vida adulta. E ainda nesse, mencionando textos de Brougére a cerca de Claparéde que escreve: “que a brincadeira é a educação espontânea da Criança”, portanto um grande aliado do professor no processo de ensino-aprendizagem. Mas esse mesmo brincar presente no meio escolar não pode se tornar um engodo de que por si só já é suficiente e se transformar em uma atividade sem fins, deve sim estar voltado para a aprendizagem e desenvolvimento intelectual das crianças, sobretudo sem ser cansativo e para isso o professor deve saber brincar e como usar a brincadeira para promover o conhecimento. Aqui damos destaque às palavras de Grando (2001):
 As crianças, desde os primeiros anos de vida, passam a maior parte do tempo brincando. Por sua vez, os adultos não entendem que isso faz parte da vida delas, e que elas têm verdadeiro fascínio pela brincadeira. Por outro lado, a escola também deveria representar papel fundamental na vida das crianças, mas, a escola representa um tempo a menos que as crianças têm para brincar, e por isso começa a ser repudiada pelas crianças. Por que não podemos unir o estudo e a brincadeira em uma atividade única que passará a satisfazer ambas as partes?   (GRANDO, 2001).
Essa mesma autora defende a ideia de se trabalhar o ensino através de jogos principalmente na disciplina de matemática, pois segundo ela a brincadeira estimula a capacidade, não só de resolver problemas, mas acima de tudo de usar de várias maneiras para o fazer, por criar uma situação imaginária o jogo ajuda no desenvolvimento do pensamento abstrato, e por dar à criança a possibilidade de imitação dos mais velhos propicia ainda o desenvolvimento intelectual, logo este se iguala à instrução escolar no papel de desenvolver habilidades e conhecimentos. 
Silva destaca as palavras de Piaget que diz: “O jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade” e garante que para esse autor o jogo é essencial para a criança e que já utilizado desde os primeiros anos de vida para relembrar, com prazer, os fatos ocorridos e posteriormente nos jogos de regras que proporcionam “à criança a capacidade  de lidar com delimitações”, ou seja, esse tipo de jogo vem impor limites dando àqueles que o pratica a capacidade de saber o que se pode ou não fazer.
O brincar desempenha um grande papel no processo de desenvolvimento da criança, pesquisar sobre sua atuação no desenvolvimento de crianças especiais é algo de extrema importância, pois o que se pretende na educação especial é desenvolver na criança potencialidades inatas, à fim de promover o aprendizado e nada melhor para isso do que o jogo e a brincadeira, visto que já é comprovado por pesquisadores como Vygotsky (Apud Martins) a importância do brincar na constituição do pensamento abstrato e no desenvolvimento de um modo geral e, ainda segundo o olhar de Aranão (2007) a teoria de Piaget se fundamenta na espontaneidade da criança dentro do seu ambiente de vivência e portanto deve se proporcionar a ela um “ambiente rico em materiais e atividades no qual ela possa optar por aquelas que irá desenvolver.”   
Para que isto ocorra é importante que todo o meio escolar esteja preparado para promover a inclusão e a aprendizagem desses alunos, mas é comum ouvir de alguns técnicos responsáveis pelas salas de recursos de escolas da rede pública que muitas vezes é mais fácil para os professores lotados nas salas comuns dizer que não sabem lidar com os alunos deficientes, tudo como meio para não se especializarem e assim se tornarem alheios a esse processo, talvez esta seja a causa destes alunos ainda não terem uma educação satisfatória. E para tanto se faz necessário o estudo e a capacitação contínua de todos os professores, isso além da conscientização e responsabilização de todos os envolvidos no processo educacional a cerca da inclusão e assim levar esta para os meios sociais.
Rojas, (2009) em seu livro “Educação lúdica: a linguagem do brincar, do jogo e da brincadeira no aprender da criança”, resume de forma quase poética o que é o brincar, é um “baú de metáforas” (p. 36), sendo a metáfora uma forma mágica de linguagem, de brincar com as palavras, que é criativo e abre “caminho para estratégias, a descoberta e a inventividade” (p.36), e ao mesmo tempo que perpassa pelo mundo imaginário deve dar evidência a um caminho metodológico. Descreve a metáfora como sendo ainda, “a transposição do complexo para o simples” (p.36), ou como relata Vygotsky, Apud Martins (2007) o “caminho do mínimo esforço”.
A autora ainda ressalta a importância das brinquedotecas como sendo um espaço de resgate de brincadeiras antigas, que dá lugar à fantasia, mas acima de tudo como um espaço destinado a promover o desenvolvimento integral da criança.
Andrade, (2004), em sua reflexão sobre diversos autores a cerca do jogo e da brincadeira, relata dentre outros o pensamento de Bandet & Sarazanas que todos os meios de educação deveriam se informar sobre a forma de brincar das crianças e dos objetos que poderiam contribuir de forma construtiva da brincadeira por acreditar que não é possível promover a educação sem tal conhecimento, e ainda ressalta que o brinquedo e a brincadeira fazem parte da criança principalmente quando esta é muito pequena e falando de Campagne, segundo a autora, ainda diz que para este “o brinquedo é o suporte do jogo” que permite à criança a vivência de situações da vida adulta, mas sem riscos e ao nível da criança e ainda permite a socialização por meio de atividade comum que permite a construção de noções de propriedade, relacionamento e respeito.
Segundo Mrech, (2006), nas intervenções psicopedagógicas dentro da educação especial o brinquedo e as brincadeiras são considerados “um papel nuclear”.  Se no processo de ensino de uma criança considerada normal o brincar já é importante, em se tratando de crianças especiais este é ainda mais primordial visto que nesta criança tais atividades permitem a oportunidade de se desprender e se desinibir o que consequentemente gera a vontade de aprende e o saber.
Mas ainda segundo Mrech, (2006), de nada adianta o uso de jogo se o professor não tiver uma “concepção de capacidade lúdica” se este não souber brincar não conseguirá fazer com seus alunos brinquem, por isso deve ser trabalhada no professor essa capacidade e isso é um processo lento, este deve olhar para o material a ser utilizado não como adulto, mas como criança ou adolescente, deve conhecer o aluno através da visão que o próprio aluno faz de si e não de forma estereotipada, o aluno deve gostar do material proposto, o mesmo material deve oferecer oportunidades além do que o descrito pelo fabricante, ou seja, não deve ser usado apenas para aquela faixa etária prevista no rótulo e ainda deve haver um vasto número de materiais e ser permitido ao aluno a escolha do que ele quer utilizar.
Para essa autora, brinquedos, jogos e materiais pedagógicos são: objetos dinâmicos que trazem um saber potencial podendo ser desencadeador de relações interpessoais boas ou ruins e que trazem uma historicidade que vai além da do professor e/ou do aluno, mas de uma época, logo o uso de tais materiais são importantes, devendo se ponderar e maneira correta para sua utilização.
Ainda falando do brinquedo como forma prazerosa de promover o conhecimento, tomo as palavras de Vygotsky, (2007) que diz que:
[...] no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço - ela faz o que gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer – e ao mesmo tempo aprende a seguir os caminhos mais difíceis subordinando-se a regras e, por conseguinte renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o caminho para o prazer no brinquedo. (VYGOTSKY, 2007).
Além de propiciar à criança a capacidade de seguir regras, o brinquedo ainda lhe permite o desenvolvimento de forma essencial por meio deste, segundo este mesmo autor e ainda permite ao adulto o conhecimento das experiências prévias da criança, quando diz:
O brinquedo é muito mais uma lembrança de alguma coisa que realmente aconteceu do que uma imaginação. É mais uma memória em ação do que uma situação imaginária nova. (VYGOTSKY, 2007)

È também uma atividade necessária ao ser humano independente da idade, o trabalho com o lúdico dentro do processo de ensino facilita o desenvolvimento não só pessoal como sociocultural além de permitir uma melhor comunicação, expressão e construção de conhecimentos.
Logo é mais que interessante pesquisar sobre o jogo, o brinquedo e a brincadeira no meio escolar, faz-se necessário tal exercício, bem como a inserção de tais atividades dentro do ambiente escolar, principalmente no momento atual em que cada vez tem chegado nesse meio crianças cada vez mais autodidatas devido ao grande número de informações às quais elas tem acesso e devido ainda, à  pouca intimidade que estas vem perdendo com a brincadeira por estarem cada vez mais solitárias e sedentárias na frente de computadores e vídeo games. Além dessas crianças dotadas de informações, ainda temos aquelas desprovidas de recursos básicos como alimentação de qualidade e atenção familiar e até nisso o brincar promove a troca de experiências. É necessário ainda, devido a grande necessidade de não só mantê-las na escola como também proporcionar um ensino de qualidade, o que muitas vezes não tem ocorrido, pois as crianças não podem mais serem reprovadas, mas em muitos casos avançam para uma série posterior sem ter os conhecimentos necessários e vão cada vez mais acumulando anos estudados sem que tenham conseguido assimilar os devidos conhecimentos. 
Como observa Kishimoto, (2006), é necessário dedicar um tempo ao brincar e deixar um pouco de lado este intuito afoito de inserir as crianças da educação infantil no processo formal de ensino por meio da alfabetização e o mesmo tem que ocorrer com os deficientes, é preciso dar um tempo para que estas se assimilem dentro da escola e tenha primeiro, a oportunidade de interagir com o meio adaptando assim, ao mundo dos adultos.
É o brinquedo a forma pela qual ela resolve a maioria dos conflitos criados pelas limitações do mundo em que vive e que é, eminentemente, um mundo dos adultos. Através da brincadeira a criança expressa sua forma de representação da realidade. (KISHIMOTO, 2006)
O presente trabalho vem ainda discutir sobre utilização das salas de recursos para se promover a inclusão das crianças em salas comuns e quanto a este aspecto a política nacional prevê, conforme as Diretrizes Nacionais de Educação Especial para a Educação Básica o atendimento em salas de recursos, com professor especializado, como um “serviço de natureza pedagógica” que visa suplementar no caso de altas habilidades/superdotação e completar quando as crianças apresentarem dificuldades de aprendizagem, acompanhadas ou não da deficiência. 
O atendimento nas salas de recursos é feito de forma a acolher a diversidade, dando apoio, complemento ou suplemento, no caso de altas habilidades ou superdotação, tais como: o ensino de Libras, Soroban, Braile, comunicação alternativa, enriquecimento curricular e outros. O que não pode ocorrer nesse ambiente é que o atendimento seja uma reprodução e ou repetição dos conteúdos aplicados em sala comum.
Os professores responsáveis pelo atendimento especializado das salas de recurso devem ser graduados, pós-graduados e ou com formação continuada habilitando o exercer tal atendimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente trabalho foi possível constatar que o uso de atividades lúdicas é de grande importância para o desenvolvimento da aprendizagem das crianças sejam elas deficientes ou não, os pais entrevistados reconheceram os progressos dos filhos após serem inseridos no ambiente em questão, alguns destacando não só o processo de aprendizagem como também o relacionamento familiar. Entre os profissionais da escola também foram relatados progressos nos dois quesitos e para os alunos então, os momentos passados na salas de recursos foram muito além da aula e da disciplina para eles eram apenas momentos de brincadeira e nem se deram conta de o conteúdo disciplinar estava ali embutido e eles estavam na verdade aprendendo, embora reconhecessem que após a participação das atividades nesse ambiente passaram a apresentar um melhor rendimento escolar . E dentre os profissionais das salas de recursos entrevistados deve se destacar a fala da professora Clarice que diz: “...eles dizem “eu fui na sala da Tia Clarice e joguei lá...” mas para mim não é um jogo eu consigo alcançar os meus objetivos ali”.

4 REFERÊNCIAS:
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ROJAS, Jucimara. Educação lúdica: a linguagem do brincar, do jogo e da brincadeira no aprender da criança. Campo Grande. Ed. UFMS. 2009. 
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VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação Social da mente. Organizadores Michael Coles Et al; Tradução José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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